O estudo da alveitaria medieval em Portugal tem sido feito sobretudo através dos manuscritos em galego-português relacionados com essa arte, que sobreviveram até hoje. Esse estudo, maioritariamente de natureza textual e filológica, tem excluído a análise dos perfis socioeconómicos e da prática da alveitaria propriamente dita. Os desafios levantados pelo baixo número de indivíduos explicitamente referidos como alveitares pelas fontes, explicável através de uma eventual pluriatividade e pela plasticidade dos conceitos são consideráveis, mas a análise dos perfis de um conjunto de indivíduos proveniente de diversos credos e atuantes tanto em Portugal, como nos territórios portugueses do Norte de África e na Índia, permite traçar, pela primeira vez, o retrato possível do alveitar medieval português e da sua prática.
The study of medieval
O estudo dos ofícios de saúde, dos empíricos e esporádicos aos mais socialmente considerados e intelectualmente preparados, permite obter imagens transversais e contribui para um conhecimento mais alargado e consolidado da realidade quotidiana do Homem medieval e das suas conceções do corpo e da natureza, do indivíduo e da sociedade. Os ofícios mais destacados - a física/medicina e a cirurgia - têm recebido mais atenção dos historiadores, de resto proporcional à quantidade de dados que nos chegaram através da documentação sobrevivente, e o caso português não é nisso exceção
Um destes grupos mencionados, o dos alveitares, constitui um caso de estudo de grande interesse. Podendo ser (um tanto anacronicamente) definidos como veterinários medievais, os alveitares e a sua arte têm sido uma das manifestações menos estudadas da medicina e das práticas de cura medievais em Portugal
Este artigo tem como objetivo estudar, em primeiro plano, os homens que exerceram este ofício, os seus percursos, a sua ação e a sua integração na sociedade que sentia cada vez mais necessidade dos seus conhecimentos e práticas. Assim, ao contrário do que é habitual nos antecedentes portugueses, o conhecimento formal e o saber livresco, com o estudo filológico e das fontes dos tratados especializados, não é o centro da análise, mas apenas o princípio.
A pesquisa documental que conduziu à redação deste artigo prolongou-se por vários anos, sendo aproveitadas todas as referências encontradas, mesmo quando o propósito de investigação primário não era o do estudo dos alveitares. Houve um estudo das chancelarias régias medievais portuguesas, de diversas coleções documentais publicadas e de milhares de documentos inéditos, provenientes de todo o território português medieval e das mais diversas instituições; são, sobretudo, fontes notariais preservadas nos cartórios de instituições eclesiásticas, mas também documentação municipal (atas de vereação, posturas) e jurídica (leis, foros, ordenações), só para nomear os recursos mais representados. Juntam-se aos documentos mais tradicionais as fontes narrativas, sobretudo as crónicas que sobrevivem. Em complemento, um grande número de monografias e estudos portugueses, cujo propósito distinto não impede o arrolamento de dados de interesse para diferentes tópicos de investigação, foi também utilizado. Por certo, os documentos incluídos representam apenas uma minoria de toda a documentação medieval portuguesa que sobreviveu até hoje, tal como esta representa apenas uma fração de tudo aquilo que a Idade Média portuguesa produziu. Porém, trata-se de uma vasta amostra que nos permite comparar, por exemplo, a disparidade de números entre os agentes de cura estudados: os mesmos documentos e estudos que revelaram dezena e meia de alveitares, forneceram mais de um milhar de físicos e cirurgiões, além de mais de uma centena de boticários, para referir apenas os ofícios mais difundidos e prestigiantes. São, portanto, muito poucos os alveitares documentados. As explicações, como se verá, são diversas, e todas elas terão um papel nessa parcimónia.
É difícil perceber quando e como surge o ofício do alveitar no Portugal medieval, ou quando se formaliza e resulta numa auto e hétero-designação que traduz, de forma inequívoca, reconhecimento social de uma prática já estabelecida. Se o conhecimento médico dedicado aos animais é uma realidade milenar, mesmo no plano ‘erudito’, a existência de uma profissão a ele dedicado resultou de um processo longo e nem sempre documentável. Estes ‘proto veterinários’ estão documentados em todo o espaço euroasiático desde a Antiguidade, da Fachada Atlântica ao Extremo Oriente
Para o caso peninsular, a palavra alveitar - que predominou nos espaços dos antigos reinos de Castela e de Portugal até ao galicismo ‘veterinária’ triunfar no século XIX - denuncia uma origem árabe, ainda que a etimologia remeta para um cuidador de equídeos, num sentido mais estrito, mas sempre próximo do conceito ibérico tardomedieval (
Não abundam os testemunhos da circulação e utilização de manuscritos médicos dedicados ao cuidado e tratamento de animais na Idade Média portuguesa, à semelhança do que acontece com manuscritos médicos medievais, no geral, mas a qualidade desses testemunhos supera largamente a dimensão do
No que toca ao
Os exemplos de tratados em português relacionados com o cuidado de animais de combate e de cetraria não se esgotam aqui: o
Ter optado por falar do saber livresco da alveitaria antes de falar dos alveitares não foi acidental. Como se verá, não são muitos os alveitares referidos na documentação medieval portuguesa que sobrevive, e todos aqueles que foram recolhidos para este estudo surgem após a tradução/composição do
O que se pode saber destes homens? Os alveitares sobre os quais este estudo incidiu estão documentados entre 1331 e 1517, do reinado de D. Afonso IV (r. 1325-1357) ao de D. Manuel I (r. 1495-1521). O testemunho mais antigo incluído é o do alveitar Vasco Gomes, que testemunha uma carta de arrematação em 1331
Esta escassez poderá ter várias explicações: em primeiro lugar, por não possuirmos fontes privilegiadas para acedermos a estes praticantes, como são as cartas de ofício de física e de cirurgia, surgidas em Portugal em meados do século XIV e das quais sobrevivem algumas centenas de exemplares nas chancelarias régias de D. Duarte (r. 1433-1438) em diante, revelando outros tantos praticantes
Em segundo lugar, além da falta de fontes especializadas, é preciso considerar que muitos alveitares poderão estar efetivamente documentados, mas sob outras designações. Esta possibilidade é reforçada por uma característica da alveitaria que se acentua a partir do século XV por toda a Europa, e também em Portugal: a pluriatividade complementar que junta os ofícios de alveitaria e de ferrador (
Prova da variabilidade da aplicação de conceitos e da definição das fronteiras de ação, é uma referência proveniente da Parte II da
A existência de alveitares entre as minorias étnico-religiosas portuguesas merece atenção. No caso dos judeus, chega-nos um único alveitar documentado, Mestre Isaac, morador em Évora, também ele ferrador. Os judeus são os protagonistas na prática médica e cirúrgica do Portugal quatrocentista, com 2/3 das cartas de ofício conhecidas (mais de 400 em c. 600) a serem atribuídas a candidatos judeus (
A exceção portuguesa conhecida parece demonstrar que o talento destes homens seria tão apreciado como o era na medicina humana, e disso mesmo é testemunha o privilégio que o rei D. Afonso V confirma ao já referido Mestre Isaac, em 1459. O alveitar requereu às autoridades municipais de Évora autorização para abrir um portal entre as suas casas de morada e a sua tenda, o que significava criar um pequeno novo acesso direto à Judiaria eborense; caso contrário, seria necessário continuar a percorrer três ruas até chegar a sua casa, o que constituía um constrangimento extra a quem lhe levava os cavalos e outras bestas para curar, como explicitamente se refere. A Câmara de Évora concede esse privilégio, justificando essa licença por “ser justo e por [que] o dicto mestre Isaque he milhor ferrador e mais espiçiall alveitar que em esta cidade melhores curas faz […] em cavallos e em outras bestas”
Somos informados de vários aspetos da atividade deste alveitar: desenrola-se numa tenda, mas paredes meias com a sua casa; os clientes procuram-no lá; é simultaneamente ferrador e alveitar, sendo excecional na segunda atividade (o que reforça a convicção que um especial talento faria sobrepor a designação de alveitar à de ferrador) e altamente valorizado pelas autoridades locais. O rei confirma a licença municipal, sensível aos argumentos da Câmara, tendo apenas Mestre Isaac de fechar o portal a cadeado ou ferrolho sempre que anoitecesse. A descrição da atividade de Mestre Isaac permite também assumir que, mesmo se tratando de um alveitar residente no coração de umas das maiores cidades portuguesas, a sua atividade não seria exclusivamente dedicada à cura de cavalos, como a expressão “curas […] em cavallos e em outras bestas” informa sem equívocos. Se os autores catalano-valencianos sugerem uma distinção entre alveitares urbanos, exclusiva ou quase exclusivamente dedicados à cura de cavalos, e os rurais, onde outros animais de grande e médio porte poderiam constituir um acrescento à prática (
Sobre o envolvimento dos judeus portugueses na cura e no cuidado animal, é possível estabelecer um certo paralelismo entre Portugal e a Coroa de Aragão numa questão concreta e um tanto inesperada: o cuidado dos animais exóticos do rei. Se, para o caso aragonês, este tema já recebeu uma atenção cuidada
Não temos informações sobre alveitares muçulmanos portugueses
Será importante perceber a relação da nobreza com a prática da alveitaria. Ao contrário do que acontece, por exemplo, na Coroa de Aragão (
A omissão do ofício de alveitar na designação profissional de um indivíduo que dividia essa atividade com a de ferrador fica provada por um caso relativamente bem documentado, já do início do século XVI. Trata-se de Gaspar Fernandes, alveitar e ferrador das estrebarias do rei em Goa, logo nos primeiros anos do estabelecimento de portugueses na cidade indiana, e que em momentos diferentes é designado como ferrador e alveitar, ou simplesmente ferrador. É possível que, com o início da Modernidade portuguesa, a prática da alveitaria tenha sido praticamente absorvida e assimilada pelo ferrador, que assim dispensava outra designação, por se entender que o seu ofício incluía esse tipo de cuidados e tarefas. Esporadicamente, o designativo de alveitar poderia emergir, por maior habilidade ou dedicação maioritária do praticante nesse domínio em concreto, ou por uma outra circunstância difícil de apurar. Porém, a arte de curar animais mantém-se autónoma como objeto de erudição, tal como se prova pelos sucessivos manuais de alveitaria, cada vez mais dirigidos a praticantes menos letrados, que se vão publicando a partir do século XVI e até pleno século XIX, quando a veterinária moderna começa a tomar forma e o seu ensino se institucionaliza, relegando a memória alveitar para o mundo dos praticantes empíricos e populares
Os dados fornecidos pela documentação portuguesa não permitem estabelecer paralelismos com certas práticas documentadas na Coroa de Aragão, para referir apenas o caso ibérico mais conhecido. Não temos sobrevive nenhum contrato notarial celebrado entre um cliente e um alveitar, celebrado como salvaguarda do cliente (como, de resto, também não há no caso da medicina humana, em Portugal) - sobrevivendo pelo menos um contrato deste tipo nos excecionais arquivos catalano-aragoneses (
O que podemos acrescentar ao que sabemos da atividade dos alveitares medievais e quinhentistas portugueses - ou da atividade de cura animal levada a cabo por ferradores? Regressemos ao alveitar e ferrador Gaspar Fernandes, português residente em Goa nos primeiros anos do domínio português na região, e que terá feito até as vezes de físico em 1515, quando o rei de Ormuz, prisioneiro dos portugueses, caiu doente e necessitou de assistência médica
No que diz respeito à atividade puramente ‘veterinária’, há também alguns dados relativos a Gaspar Fernandes: há registos do pagamento de somas de dinheiro, destinadas ao provimento de mezinhas para o tratamento dos cavalos a seu cargo. Este dinheiro foi entregue a Gaspar Fernandes, mas também a João Cabeceira, estribeiro do feitor Francisco Corvinel, sendo referido explicitamente que as mezinhas se destinam a tratar as doenças dos cavalos recolhidos nas estrebarias do rei, na fortaleza
O conjunto dos alveitares portugueses e as informações sobre a sua prática estão longe de estar tão bem documentados como os dos seus congéneres da Coroa de Aragão, por exemplo - quer essas lacunas se devam simplesmente a maiores perdas documentais/menor produção de testemunhos na época, quer reflitam uma menor difusão deste mester e do seu saber. Porém, está longe de ser um assunto menor no estudo das artes da cura. Este primeiro exercício poderá ser complementado com o avanço da sistematização da recolha de dados documentais sobre estes ofícios, mas há algumas tendências já observáveis. Por ora, é possível afirmar uma inequívoca relação umbilical entre a prática dos mesteres de ferrador e alveitar, ainda que, tal como além-fronteiras, estes nunca pareçam ter sido totalmente fundidos numa única definição, designação e prática. A designação de um certo indivíduo como alveitar parece traduzir uma especial habilidade na arte da cura de cavalos e outras bestas, mais do que um exclusivo de prática. Mais do que uma mutação, a transição da Idade Média para a Modernidade parece ter sido marcada pela permanência destas características, ainda que com uma formalização, por exemplo, da examinação dos candidatos à prática do ofício - que não sabemos se se terá concretizado efetivamente no século XV, ainda que tenha sido prevista logo em 1436. Apenas o século XIX, com a institucionalização do ensino e da prática da medicina veterinária, o cenário se altera fundamentalmente, ainda que as velhas designações e ofícios ainda aflorassem, de quando em vez, em pleno século XX.
Este breve estudo apenas inaugura a investigação concreta sobre a dimensão prática e social da arte da alveitaria e dos seus representantes no âmbito das artes da cura em Portugal. Resta um manancial extraordinário de fontes para consultar e é possível que esta primeira exposição se revele imprecisa ou muito incompleta. Com desafios e limitações acrescidas face a outros territórios ibéricos, esse estudo continua a ser possível e necessário, e esta é apenas uma primeira demonstração desse potencial.
Este artigo insere-se no âmbito do projeto de investigação exploratório “FALCO - Hypothesising Human-Animal Relations in Medieval Portugal”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT EXPL/HAR-HIS/1135/2021), apresentado a concurso no início de 2021, aprovado no verão do mesmo ano e em execução desde 1 de janeiro de 2022, por um período 12 meses.
Para referir apenas os trabalhos de maior extensão, sublinho as teses de mestrado de André Filipe Oliveira da Silva, Cristina Moisão e Ana Marta Silva Pinto, tendo as duas primeiras sido alvo de publicação:
Além dos trabalhos relacionados com aspetos filológicos do tratado de alveitaria composto por Mestre Geraldo, que remontam a Carolina Michaelis de Vasconcelos (
Entre todos, destaco
No caso da China, os praticantes estão documentados na dinastia Han (séc. III a.C.-séc. III d.C.), mas o desenvolvimento de uma medicina teórica especializada data já do século XIV.
Recorri à edição fac-simile que o Boletín Oficial del Estado espanhol fez da edição glosada por Gregório Lopez, datada de 1555, confrontando com um manuscrito completo preservado na Biblioteca Nacional de Espanha que, apesar de ser posterior ao século XIII, não se afastará muito da redação original das
Uma tradução galega do texto de Giordano Ruffo cuja edição foi preparada por José Luis Pensado Tomé e publicada postumamente com revisão de Gerardo Pérez Barcala, foi lançada em 2004 (
Arquivo Distrital de Braga, Gavetas do Cabido, Gaveta das Propriedades Particulares, Doc. 870.
Estas cartas quatrocentistas foram há muito estudadas por Iria Gonçalves, na sua globalidade, sendo o artigo acompanhado pela listagem dos indivíduos examinados.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria Régia, Chancelaria de D. Manuel I, Livro 26, fl. 95v.
Arquivo Distrital de Évora, Câmara Municipal de Évora, Livro 67 (Livro 1º de Pergaminho), fls. 113-113v.
Ângela Beirante não lista qualquer ferrador judeu no levantamento populacional de Évora, mas a confirmação do duplo ofício de Mestre Isaac chega através de uma carta da chancelaria de D. Afonso V, datada de 1459, na qual o rei o designa como alveitar e ferrador, previamente referenciada por Maria José Pimenta Ferro Tavares no seu levantamento nacional de judeus medievais portugueses, permitindo ainda constatar uma presença e atividade em Évora de pelo menos uma década, entre 1450 e 1459. (
Também o caso de Évora é esclarecedor na hegemonia judaica sobre o ofício de ferreiro, com 48 ferreiros judeus contra 24 cristãos e 5 muçulmanos.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. Afonso V, Livro 36, fl. 67v-68.
Veja-se a numerosa bibliografia referida por Carmel Ferragud Domingo em
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. Afonso V, Livro 12, fl. 15v.
Filomena Barros, na sua tese de doutoramento - o mais importante trabalho sobre mudéjares portugueses -, refere a etimologia árabe do ofício da alveitaria, mas não encontra exemplos de alveitares muçulmanos atuando no Portugal medieval.
O ofício, e depois a sua designação, perdem força ao longo das décadas que se sucedem à criação da primeira escola de veterinária em Portugal - a Real Escola de Veterinária, fundada em 1830, e que passou sucessivas remodelações até chegar à atual Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa. Porém, e demonstrando uma notável perenidade, numa fase em que já havia veterinários formados, os alveitares continuaram a existir, cada vez mais entrincheirados na categoria de praticantes empíricos. Mesmo quando os automóveis haviam já substituído e larga escala os animais como principais meios de carga, vemos vestígios dessas sobrevivências: em 1954, por exemplo, um alveitar e ferrador, Joaquim António Frade, residente na Amareleja, no sul do país, mantinha conta de cliente na Metalúrgica Alentejana: Arquivo Distrital de Beja, Estabelecimentos Industriais Metalúrgica Alentejana, Comercial, Processos de Clientes, nº 92.
Entre os poucos municípios que contratam físicos encontramse o Porto (
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Corpo Cronológico, Parte II, maço 117, n.º 113.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Corpo Cronológico, Parte II, maço 37, n.º 5.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Corpo Cronológico, Parte II, maço 78, n.º 41.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Corpo Cronológico, Parte II, maço 42, n.º 15.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, maço 836, processo 6.
Arquivo Distrital de Braga, Gavetas do Cabido, Gaveta das Propriedades Particulares, doc. 870.
Arquivo da Sé de Évora, Bacharéis da Sé de Évora, Fazenda, Escrituras, Maço 1, documentos 13, 21 e 48 do catálogo de Júlio César Baptista; Biblioteca Pública de Évora, Pergaminhos Avulsos, Pasta 22, peça 071; pasta 17, peça 001; pasta 19, doc. 002-013.
Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães, Nota Antiga, Livro I, doc. 173.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. Duarte I, liv. 1, fol. 147v.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria Régia, Chancelaria de D. Afonso V, liv. 18, fl 18.
Arquivo Distrital de Évora, Câmara Municipal de Évora, Livro 67 (Livro 1º de Pergaminho), fls. 113-113v.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. Afonso V, Livro 36, fl. 67v-68.
A casa de Mestre Isaac era na Rua da Baldrasaria, na Judiaria de Évora, tal como a deste Isaac ferrador, o que permite tirar todas as dúvidas. Arquivo Distrital de Évora, Câmara Municipal de Évora, Livro 67 (Livro 1º de Pergaminho), fls. 111-111v.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. Afonso V, Livro 10, fl. 95-95v.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria Régia, Chancelaria de D. Afonso V, Livro 9, fl. 91v-92.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria Régia, Chancelaria de D. Afonso V, Livro 7, fl. 112-112v.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria Régia, Chancelaria de D. Manuel I, Livro 26, fl. 95v.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria Régia, Chancelaria de D. Manuel I, Livro 22, fl. 36.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Corpo Cronológico, Parte II, maço 29, n.º 182; maço 42, n.º 15; maço 117, n.º 113.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria Régia, Chancelaria de D. Manuel I, Livro 10, fl. 111.
Este breve catálogo prosopográfico foi organizado segundo um inquérito muito simples, devido à escassez de informações para a maioria dos biografados. Assim, cada entrada é acompanhada por uma breve nota sobre o indivíduo e pelas fontes onde é referido. Trata-se de uma recolha inicial, que, segundo creio, poderá ser consideravelmente alargada ao longo dos próximos anos, com o prosseguimento da recolha documental. O pequeno número de indivíduos, assim como o longo intervalo temporal de quase dois séculos, levaram-me a preferir uma ordenação cronológica, do mais antigo para o mais recente registo.
Este alveitar é testemunha numa arrematação de bens que Rui Lourenço, cavaleiro, e Rui Lourenço, seu irmão, também cavaleiro, tinham em Guiães, que andavam em pregão por dívidas destes a Martim Louredo, mercador do Porto. O documento foi redigido em Vila Real, na comarca de Trás-os-Montes, no dia 2 de agosto de 1331
Alveitar de Évora, é referido como Nicolau Alveitar, Mestre Nicolau e Mestre Nicolau Alveitar. Foi casado com Domingas Eanes, que sabemos lhe ter sobrevivido pelas referências que lhe são feitas como viúva deste alveitar entre 1347 e 1366. Tinha emprazadas nos dias de sua vida três vinhas foreiras aos Bacharéis da Sé de Évora, todas no termo de Évora, pelas quais pagava 15 libras anuais, por contrato feito em 1334, sendo essas vinhas de novo emprazadas à sua mulher, já viúva, em 1347. Testemunha outra escritura dos Bacharéis da Sé de Évora em 1332 e uma da Igreja de Santiago de Évora, em 1335. Nada mais se sabe deste alveitar ou da sua prática
Alveitar, morador na vila do Castelo de Guimarães, que testemunha um prazo de umas casas da Colegiada de Guimarães, localizadas na vila do Castelo de Guimarães
Alveitar do rei D. Duarte, por este nomeado em 1436 para examinar os candidatos à prática da alveitaria, depois de o rei aceder ao pedido dos procuradores de Santarém, para submeter a exame e obrigar a ter licença todos os que em Santarém e seu termo quisessem exercer essa arte, à semelhança do que se fazia com físicos e cirurgiões, por haver muitos que a praticavam sem conhecimentos, com grande prejuízo para todos. Trata-se, com grande probabilidade, do mesmo alveitar escalabitano que era ferrador de D. João I quando compôs um tratado de alveitaria, hoje perdido, terminado por volta de 1425
Alveitar de Lisboa que em 1437 recebe privilégios régios de isenção de aposentadoria, de que lhe filhem o que for por aposentadoria, de ser constrangido a aceitar ofício do concelho contra sua vontade, de ter cavalo, armas ou bestas, de servir o concelho, exceto em obras de pontes, calçadas, fontes e muros, de ser tutor, de ser besteiro do conto, de ir em alardo ou levar presos e dinheiros, tudo isto por que “he um notavel alveitar e nos [serve?] continuadamente em nessas cousas de seu ofiçio quando lhe da nossa parte he mandado”. Esta carta de privilégio é confirmada por D. Afonso V em 1439
Alveitar judeu de Évora que, em 1451, renegoceia com o Concelho da cidade o aforamento de uma azinhaga. O Concelho recebe encampação dessa azinhaga, situada na Judiaria de Évora, por esta ser demasiado pequena para o foro de 71 reais e meio que lhe era cobrado. Compreendendo o foreiro, o Concelho volta a aforar-lhe a dita azinhaga, reduzindo o foro para 41 reais e meio, a pagar em dia de Páscoa
Alveitar e ferrador castelhano, recebe, a pedido do concelho e homens-bons de Portalegre, onde residia, privilégio régio de isenção de pagamentos de pedidos régios, fintas e talhas do concelho, aposentadoria, de ter cavalo e armas, de ser tutor ou curador, de ir com presos ou dinheiro, tudo por os seus conterrâneos o considerarem “bom ferrador e alveitar” e não quererem prescindir dos seus serviços
Alveitar e ferrador do rei, recebe de D. Afonso V isenção de pagamento de dízima ou portagem de qualquer coisa sua em qualquer parte do reino, por terra ou mar, depois de se ter queixado de que, andando em muitos sítios e sempre em serviço do rei, lhe cobravam essas obrigações
Alveitar morador em Lisboa a quem D. Afonso V nomeia como guarda da Porta de São Vicente, após a morte de João Afonso, guarda anterior
Foi alveitar de D. Jorge, filho bastardo do rei D. João II, mas parece já não o ser quando D. Manuel I o confirma no ofício de escrivão dos feitos das sisas em Elvas e no seu termo, mercê que recebera ainda de D. João II em data incerta
Alveitar e ferrador residente em Mortágua. Recebe privilégio real que o isenta dos serviços do concelho, pela utilidade e necessidade permanentes dos seus serviços
Alveitar e ferrador das cavalariças do rei em Goa, na Índia. Passa dois recibos, em 1511 e 1513, ao receber ingredientes para fazer mezinhas e “curas” nos cavalos que estão sob o seu cuidado, recebendo três cruzados para curar o rei de Ormuz de uma doença em 1515
Alveitar e ferrador, morador em Safim, Marrocos, a quem é concedido o estatuto de cavaleiro
Entre os quatro alveitares que Ângela Beirante contabilizou em Évora (